Hoje é um dia... Feio!

A vida é mesmo uma passagem. Acho que nos esquecemos vezes demais que é assim. De vez em quando vem a morte para nos lembrar que perdemos tempo com o que não vale a pena e esquecemo-nos do que é verdadeiramente importante. Cada dia que passamos por cá, devia ser uma constante gargalhada. Porque é que não é? Culpa nossa. Só nossa...

Descansa em paz, António Feio.

PS: Posso pedir-te um favor? Quando chegares ao Céu, procura o Tiago. E quando estiveres ao lado dele, faz com que ele solte uma gargalhada. Obrigada.

Este blogue anda às moscas!

O pior é que me sinto mal com isso. É quase como se, de repente, tivesse deixado de abrir a porta e ela tivesse inchado tanto com o calor que já não vai lá com chave. Custa-me. Tenho tanto da minha vida aqui... Hoje senti-me a recuar com as minhas lembranças. Hoje, chorei. Como há muito tempo não o fazia.
Tenho bem presente que existe uma Joana diferente a viver em mim desde que o Tiago partiu. A morte do meu sobrinho foi o mais doloroso momento que me lembro de ter vivido nestes meus 27 anos de existência. Rezo todos os dias para que não tenha de voltar a passar por nada semelhante. Não sei se teria força outra vez. Ninguém entende isto. Esta não é uma dor que o tempo cura. Desconfio que a única coisa que o calendário faz, neste caso, é disfarçá-la. Como é que se amou e ama um ser que não conhecemos. Ninguém percebe como é que se olha para um céu estrelado à noite e sentimos que estamos a dar um abraço. Ninguém compreende que apesar do Afonso ser a luz dos meus olhos, não há momento nenhum em que olhe para ele e não me assaltem outros pensamentos . Eu amo o Afonso de uma forma dupla e esse amor é tão (mas tão) grande que às vezes acho que é impossível gostar de alguém assim. Claro que, quando for mãe (não, não é para já) vou perceber este sentimento avassalador de uma outra forma mas a verdade é que sou uma tia que ama a dobrar!
O meu coração obrigou-me a trancar este amor para poder dá-lo agora. Em cada sorriso, em cada gesto, em cada dentinho, em cada abraço, eu amo o Afonso. Em cada estrela, em cada nuvem, em cada pensamento sobre o que não pudémos viver, eu amo o Tiago. Será tão difícil entender isto?

No fórum da Artémis dei por mim a ler uma coisa que escrevi para uma Mulher com M grande (apesar do seu 1m, 60). Dizia-lhe, naquela altura, que nada é um fim absoluto e que temos de acreditar sempre. Escrevi esta frase porque ela afirmava que a luta por um segundo filho estava terminada. Com a notícia da gravidez desta Guerreira ainda consigo acreditar que às vezes a justiça da vida não é uma miragem.

Beijos para todos os que (ainda) me lêem.