Aprende-se a viver... É isso que tenho feito desde o dia 11 de Abril de 2008. Passaram 3 anos desde que o meu primeiro sobrinho nasceu. Sem vida. E tanto mudou. Eu mudei, o mundo mudou mas há algo que jamais deixei que mudasse. O meu amor pelo Tiago permaneceu forte e este sentimento não muda apesar do tempo que me vai distanciando do que podia ter sido e não foi.
Eu sinto que mudei de uma forma em que não há espaço para voltar atrás. Roubaram-me sonhos, sentimentos e o sorriso. Não sei se a vida já os devolveu. Nasceu a 30 de Agosto de 2009 aquela que é a luz dos meus olhos, a prova viva de que a esperança faz milagres. O Afonso é o meu segundo sobrinho. O Tiago será sempre o primeiro. Vivem em planos diferentes. O Afonso está presente fisicamente. O Tiago tem uma presença num plano superior que poucos entendem. Os dois estão no meu coração. Pelo Afonso sinto um amor em dose dupla, como se fosse possível amar em dobro alguém que já se ama tanto e sem medida.
O dia 11 de Abril de 2008 deixou uma ferida aberta. Estava preparada para viver um dos momentos mais felizes da minha vida. Ia ser tia pela primeira vez, fui tia, mas não estava preparada para sê-lo desta forma cruel. O meu sobrinho não tinha vida. É tão penoso escrever sobre estas memórias porque não consigo colocá-las na ordem certa. Parece um qualquer argumento de um filme de terror com a diferença de ter sido vivido por mim e pela minha família.
Lembro-me de que naqueles momentos de profunda agonia quis dar o meu corpo ao sofrimento. Quis dividir com a minha irmã a dor física, enquanto partilhávamos a mesma dor de alma. Quis tanta coisa e não fui capaz de nada. Ajudei como sabia, como achava que era o certo. Quis acima de tudo ter a força e a mestria para fazer recuar o tempo e poder abraçar o Tiago como tia de primeira viagem. Por mais que tivesse implorado, isso não aconteceu.
Estou mais serena do que antes. Felizmente, consegui sempre entender esta perda num outro plano. Vivo-a de uma forma muito minha. Posso falar. Posso chorar. Posso desabafar. Sei que me ouvem e que entendem. Sei que o Céu está cheio de luz que os anjos irradiam, como se quisessem dizer-nos: “estamos aqui”. E eu sei que estão. Eu sei que estás, Tiago.
Parabéns, meu pequenino... Ensinaram-me que quando um anjo faz anos o céu fica em festa. Eu acredito nessa imagem para não ficar triste com a tua ausência. A tia gostava de poder abraçar-te.... Prometo que logo à noite, através das estrelas, vais sentir o meu abraço. E nunca te esqueças que não é um céu de distância que apaga o amor que sentimos por ti. Um beijo no centro do teu coração.
Para ti, mana, a minha profunda homenagem à tua força e à tua coragem. És uma mãe muito especial. E eu gosto muito de ti.
Um espaço para falar das coisas mais patéticas às mais sérias, das mais alegres às mais tristes, das mais doces às mais amargas... Aqui as palavras ganham corpo e aliviam a alma, neste lusco fusco que é a vida!
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