Olá a todos,
Deixem-me, antes de tudo, agradecer as vossas palavras e os vossos mimos no post anterior. Dizem-me aquilo que eu sei e reforçam aquilo em que acredito mas, como humana que sou, às vezes tenho os meus momentos de desespero, angústia e medo. No fundo (bem lá no fundo) sei que a minha hora vai chegar embora pareça que o meu relógio anda um bocadinho a dar para o perdido. Enfim...
Hoje venho falar-vos de um assunto que mexeu comigo: "Caim", a mais recente obra de José Saramago. Sempre achei que, mesmo em momentos de crise, vale a pena gastar uns euros em livros. Neste caso específico, valeu-me a minha querida mãe que não hesitou em comprar-me a obra da polémica numa altura em que já estava completamente tomada pela curiosidade. Sim, isso mesmo! A pura e simples curiosidade consegue em mim um efeito viciante. Das coisas que mais me irritam, e são muitas, ganha o 1º lugar do meu top de irritações a de ficar à margem de uma conversa ou de uma dicussão (pública, neste caso) por não dominar o assunto em debate. Ora, cada vez que ligava a televisão, dava por mim a assistir ignorantemente a ataques a José Saramago e ao seu último livro, respondidos à letra pelo nobel da literatura que em todas as declarações que ouvi também não poupou "elogios" à Igreja, a Deus e à bíblia, etc. Não vou falar da questão religiosa e das minhas crenças neste blog. Sou uma mulher de fé! Fé nas coisas, nos actos, nas pessoas. Fé, tenho. Às vezes em todas as coisas e há dias em que em coisa nenhuma. Sou uma humana à moda antiga.
Estou a meio do livro... O meu primeiro objectivo foi conquistado. Ouvi atentamente o "debate" de ideias na Sic Notícias entre um padre e José Saramago e senti-me perfeitamente capaz de fundamentar a minha opinião, pois também eu já tinha tido contacto com a obra. Acontece que, tal como eu previa, assisti a duas interpretações diferentes. Alguém que lê as passagens da bíblia e interpreta-as de uma determinada maneira e outro alguém que não acredita em Deus (leia-se ateu) e que decidiu escrever sobre o livro sagrado e algumas das suas "personagens". Uma coisa posso garantir-vos, a escrita de Saramago é brilhante. A forma como escreve e a maneira como pontua concedem aos seus livros um protagonismo sem igual, já que obrigam a que esteja concentrada única e exclusivamente na sua leitura, sem dar espaço a distracções. Ou seja, ler Saramago e ter a televisão ou um rádio ligados ao mesmo tempo torna-se um exercício impossível comparado a um ensurdecedor concerto de heavy metal que absorve os meus neurónios. Percebem a ideia? Dito isto, e correndo o risco de parecer uma parvinha a dissertar sobre o óbvio, gostava de poder dizer a José Saramago as palavras que lerão a seguir.
Pois bem, Senhor-Prémio-Nobel-que-tem-a-mania-que-a-idade-e-o-estatuto-permitem-que-diga-o-que-quiser, está certo que prezo muito a liberdade de expressão e adoro a forma como escreve, mas não custava nada conter-se um pouquinho. É que coisas como "Deus não é de fiar" ou "O Senhor é um filho da p..." são frases que até a mim me chocam. E olhe que eu não sou o melhor exemplo, religiosamente falando. Já agora, aproveito para lhe dizer que se o intuito de toda esta polémica foi a de vender mais uns milhares de exemplares de Caim, saiba que já dei o meu contributo. Objectivo conseguido! O seu e o meu, claro!
Beijos para todos!