Anestesiada

Não sei bem que título dar a este post mas, à medida que vá escrevendo, calculo que me surja algo. Este Domingo fui visitar a minha avó. Não fui à casa dela, como antes, tive de visitá-la num emaranhado de campas.
Em vida, principalmente nos últimos tempos, era costume ouvi-la pedir-me a mim e à minha mãe para que quando ela morresse, fossemos lá lavar a campa e pôr umas florzinhas... Pobrezinha. Tantas vezes lhe pedi que não dissesse aquilo, ao mesmo tempo que ouvia a minha mãe a desviar o assunto, dizendo-lhe que talvez não fosse capaz. Queriamos dar-lhe tudo em vida, e demos, porque depois... Depois resumia-se a isto e eu sabia-o. Uma entrada sombria, uma fotografia com um rosto que não me lembro tão bem como antes, um punhado de terra fria e um choro imenso a sufocar a alma. A visita à minha avó foi assim.
A minha mãe chorou aflitivamente e não foi preciso muito tempo para que o meu pai a levasse dali. Eu fiquei para trás uns minutos, gelada. Enquanto olhava no vazio, tudo parecia ter perdido o sentido.... Chorei, fechei os olhos com força e falei com a minha avó baixinho. Disse-lhe que gostava muito dela, que tinha saudades e pedi-lhe que olhasse pelo Tiago. O meu Domingo foi assim...
Caramba! Como eu odeio tudo o que é instituído por datas que não me dizem nada. Não preciso de ir a um sítio para me lembrar seja de quem for! Fazem-me tão mal estes momentos... Hoje sinto-me... anestesiada. É isso! Estou sob o efeito de uma anestesia....

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