O segredo: as peripécias de uma conferência...

O prometido é devido e, por isso mesmo, aqui estou eu pronta para vos escrever sobre a minha experiência pessoal na Conferência do Segredo, que se realizou na quarta-feira no Pavilhão Atlântico.
Saí do trabalho por volta das 18h, arranquei em direcção a casa para ir buscar a minha mãe e lá fomos as duas rumo a Lisboa para uma experiência, no mínimo, diferente. Nas bilheteiras, levantei o meu prémio e a minha mãe (totalmente influenciada por mim) lá pagou 30 euritos para se sentar ao meu lado na conferência. Confesso-vos que estava muito ansiosa, pensei que nada acontece por acaso e que naquele dia tinha de estar ali. Não percebia bem porquê... E continuo sem perceber mas... Fui.
A conferência, agendada para as nove da noite, começou já passavam das 9 e meia (odeio atrasos mas nem isso me tirou o bom humor e o meu toque de positivismo inabalável). Enquanto o "espectáculo" não começava, entreti-me a apreciar a moldura humana do Pavilhão Atlântico e aos poucos eram mais de seis mil as pessoas sedentas por desvendar "O Segredo". Juro que, a determinada altura, aquilo mais parecia uma seita com as pessoas aos pulos e a gritarem de entusiasmo... Eu também estava dentro desse espírito, confesso! Obviamente que mantinha a minha postura low profile, até porque é isso que se exige de uma pessoa "normal" como eu! Ahahaha! Ao meu lado, estava uma velha parva que passou o tempo todo ao telemóvel ( e falava tão baixiiiinhhhooo!) que obviamente não pude deixar de ouvir a conversa da tal senhora que, mesmo antes da conferência começar, já estava preocupadíssima com o medo de perder o último autocarro para Setúbal. Ah, muito importante, tinha o livro do Segredo no colo e, sinceramente, pela postura dela não me parecia que tivesse tido a inteligência suficiente para perceber a sua mensagem. É que de positivo, aquela mulher não tinha nada! Enfim... Quando dei por mim, apagaram-se as luzes e assisti à entrada triunfal da Rita Mendes (mestre de cerimónias daquela noite) em palco. Ora aqui começa a série de peripécias que assolaram a tão desejada Conferência...
Pois bem, a tal Rita estava de tal maneira inspirada que saiu-se com uma das frases mais geniais da história e que me fez ter um ataque de riso desconcertante como não tinha há séculos, já que sai-se com esta preciosidade digna de registo: "Boa noite Pavilhão Atlântico, boa noite Portugal, eu sei que vieram pessoas de todo o lado e inclusive tenho a informação de que vieram três caminetes do Norte!" :) TRÊS CAMINETES?! Oh amiga, já tens uma bela idade para ter juízo e para te dedicares ao estudo intensivo da língua de Camões! Não me parece que "caminete" conste do nosso dicionário mas ainda assim deixo-te uma dica: da próxima vez, troca esse belo substantivo por autocarro. Sei lá! Parece-me bem... Podia ter sido pior se tivesses dito "caminete da carrêra" mas talvez te desculpasse por seres alentejana. (E como eu adoro os alentejanos!) Agora assim não te desculpo! :) Nota: Este é só um exemplo da arte lusa desta Rita mas muitos outros existiram...
Bem, sigamos para o que interessa, até porque já vi que este post vai ser longo...
O cabeça de cartaz da conferência era o americano Bob Proctor, co-autor do livro O Segredo, e era por ele que eu aguardava com alguma ansiedade mas foi o português Adelino Cunha, o primeiro orador da noite. Trata-se de um empresário português bem sucedido que tem uma empresa no Porto (não me lembro o nome) mas é vocacionada para esta vertente da motivação e promove cursos e tal... Ora bem, este senhor surpreendeu-me! É alguém com o dom da palavra e que nos passou uma mensagem de optimismo e de motivação simplesmente genial! À medida que o ouvia falar, tinha a sensação de que ele tinha-me andado a vigiar lá em casa, no escritório e que até tinha entrado na minha mente e sabem porquê? PORQUE ELE PARECIA QUE FALAVA PARA MIM! Já tiveram essa sensação? Gostei, gostei bastante... Fez-me pensar numa infinidade de coisas e confirmei ainda mais a minha convicção de que nada acontece por acaso. Quando dei por mim já eram 22h30! Tinha passado uma hora no relógio, mas para mim o tempo passou sem que eu desse conta! Não é fácl alguém prender a nossa atenção durante 60 minutos! E eu que trabalho em comunicação, sei bem do que falo!
O pior veio a seguir...
Bob proctor foi o senhor que se seguiu e sentia-se naquela imensidão de gente que estava no Pavilhão Atlântico uma ansiedade igualzinha à minha. Correu mal... Muito mal... Não pelo Bob Proctor em si, que é um filósofo de uma capacidade fora do comum, mas porque a experiência que o promotor do evento quis testar naquele dia, com uma tradução legendada em simultâneo, simplesmente não funcionou!!! NÃO FUNCIONOU MESMO! FOI VERGONHOSO! Óbvio que, para mim, não houve problema, uma vez que domino o inglês e, mal ou bem, consegui extrair o "sumo da mensagem" mas para a minha mãe que tinha ido comigo, que pagou 30 euros pelo bilhete e para grande parte das pessoas que lá estavam, não foi nada agradável! Eu esforçava-me por traduzir para a minha mãezona um resumo do que ia ouvindo, enquanto ela se ia desinteressando cada vez mais de ouvir o senhor pois não conseguia perceber quase nada. As "legendas" apareciam nos écrãs gigantes com falhas brutais, com um delay que ultrapassava todos os limites do aceitável e num "português" muito estranho e completamente ofensivo, tal não era a qualidade daquele trabalho... CORREU MAL. FIQUEI FULA! (Entretanto a tal velha parva que vos falei no início do post já tinha decidido ir apanhar a tal "caminete" para casa, abandonando o Pavilhão!) Acabei por desconcentrar-me da mensagem e o tal Bob Proctor, apanhado inocentemente nesta questão, foi completamente "abafado" pelo primeiro orador. Ele falou, falou, falou... a minha mãe já estava quase a passar pelas brasas, eu tentava não deixar a coluna naquelas cadeiras (confortáveis até mais não, ironicamente falando...) e ia pensando com os meus botões: "Mas esta gente organiza um evento desta dimensão e não tinha um plano B para a tradução?!" Pois, não tinha! Quando verificaram que aquilo ia correr muito mal e que não estava a funcionar, tinham de pôr alguem a traduzir oralmente (como é normal) e pronto! Solucionavam a coisa...
No geral, gostei, senti que muitas coisas que tinham sido ditas faziam imenso sentido! E retirei o mais importante daquelas duas horas e meia de conferência: " Nós atraimos para nós tudo o que pensamos, se pensarmos coisas boas elas vêm até nós. Se pensarmos coisas más elas também vêm... Esta é uma ginástica mental que não é fácil de pôr em práctica mas que resulta. Além disso, sorrir custa menos do que fazer uma cara carrancuda! E não é por estarmos desorientados que a vida lá fora vai mudar, mas nós temos a força para mudar as coisas com as nossas atitudes!" Faz sentido, não faz?
Bem, mas ainda não terminou a saga do Segredo! Ah pois não... Ou acham que a tal Ritinha Mendes ia perder a oportunidade de se "enterrar" ainda mais? No final, esta pérola da comunicação teve a excelente ideia de pedir à multidão do Pavilhão Atlântico (enfurecida com a tradução) uma «salva de palmas para as duas tradutoras que testaram um sistema inovador de legendagem e que se esforçaram muito»! Ora, está-se mesmo a ver o que aconteceu a seguir... A multidão revoltou-se e deu a tal salva de palmas de punhos fechados acompanhada de assobios e apupos, bem fora do contexto positivista da Conferência! Lol... Ninguém aprendeu nada! E a maior parte foi lá gastar 30 euros! Eu não, porque ganhei o bilhete... Ahahah Isto quase que dava um filme! Para terminar a "reportagem" que já vai longa, ficou-me na memória a apoteose final. É que durante toda a conferência, passava um número nos écrãs para onde as pessoas podiam mandar um sms com uma pergunta, e no final o Bob Proctor respondia às dez melhores. Pois o Senhor não falhou com o prometido e a mensagem "vencedora" merece ser partilhada com vocês... E foi a seguinte: "Se eu acreditar muito, esta sms vai aparecer no écrã gigante? Obrigada por esta magnífica experiência!". E apareceu... :)

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