Carta especial, muito especial...

Foste o meu primeiro sobrinho e vais sê-lo sempre. Mesmo com a chegada do Afonso, não quero que penses que te esquecemos, porque isso nunca vai acontecer. Mesmo que toda a família ande agora numa roda viva com a chegada do teu mano, sentimos muito a tua falta. Essa é a verdade.

Sabes, a tia fala muito em ti e relembra-te a toda a hora.

Tenho muita pena que nunca tenhamos podido brincar os dois. Dói muito pensar que podias estar aqui e que, por esta altura, até já andarias e, se saísses à tia, andavas todo tagarela a soltar as primeiras palavras. Fico triste que tenha sido obrigada a amar-te com a distância de um céu. Mas amo, meu querido... E eu sei que tu sentes este amor.

Sabes, a tua mamã é uma mulher muito bonita e muito corajosa. O teu papá é um homem com um coração gigante e os teus avós... Esses... São, sem dúvida, os melhores avós do mundo. Gostava tanto que nos tivesses conhecido, pequenote. Imaginei-te sempre de olhos muito verdes, de boca carnuda e muito moreno como a mamã embora o feitio tivesse a certeza que seria do papá. Sonhei tanto contigo e não pude conhecer-te. Dói.

No meio de toda esta saudade que sentimos, a tia encontrou uma menina que tal como a mamã também tinha uma filha que partiu para esse lugar onde estás.... Foi ela que me foi ensinando a ver-te como um anjo que foi para o Céu porque era demasiado especial para ficar na Terra. Depois, a tia conheceu ainda mais meninas, mães de anjos como tu, e decidiu dedicar-lhes parte do seu tempo, porque assim sentia que te estava a homenagear. Dia após dia. Aos poucos fomos amando-te de uma maneira diferente e incompreendida. A tua mamã e o teu papá foram aprendendo a viver com a tua ausência terrena mas sempre contigo no coração. Parece que foi ontem que passámos da curiosidade de te conhecer à maior tragédia das nossas vidas: ter-te perdido.

Hoje, a poucos dias de conhecer o teu mano, quero acreditar que já mobilizaste as tropas de anjos aí em cima para que torçam pela tua mamã e pelo Afonso. Sei que não vais deixar que nada de mal aconteça, pois afinal és o nosso anjo da guarda. Tenho a certeza que a esta hora a tua amiga Mónica já tratou de te ensinar o que deves fazer, pois também ela tem a tarefa de proteger o Vasco. Todos os dias.

Meu querido, quero acreditar que lês estas palavras e quero pedir-te que protejas a mamã e o mano. Eu sei que quando esse momento chegar, tu vais lá estar e que o teu sorriso nos vai iluminar para sempre. A tia ama-te muito e quando eu choro é só saudade, meu amor...

Cuida de nós, cuida também do Tiago que vai nascer da barriga da Lili em breve e por favor não deixes de brincar, apesar dos generosos pedidos que a tia constantemente te faz.

Ps: Só mais uma coisinha, eu sei que estou a abusar mas... Importaste de apressar as coisas e fazer com que a mamã tenha o Afonso já amanhã? É que amanhã é um dia muito especial... Não te vou dizer porquê, porque tu sabes.

Um beijo da tia